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Jared Diamond visita a Capitania de Pernambuco

Jared Diamond na capitania de Pernambuco

Quem leu o clássico de Diamond apreciará este delicioso trecho.

“O português no Brasil teve de mudar quasi radicalmente o seu sistêma de alimentação, cuja base se deslocou, com sensível “deficit”, do trigo para a mandioca; e o seu sistêma de lavoura, que as condições físicas e quimicas do sólo, tanto quanto metereológicas, não permitiram fôsse o mesmo dôce trabalho das terras portuguêsas. A êste respeito o colonizador inglês dos Estados Unidos levou sôbre o protuguês do Brasil decidida vantagem, ali econtrando condições de vida física e fornte de nutrição semelhantes às da mãe pátria”. [Barbosa, Artur Alves. “A Capitanía de Duarte Coêlho e a Obra da Colonização Portuguêsa no Brasil” – Edição do Gabinête Português de Leitura Pernambuco-Recife, 1935, p. 73]

Delicioso porque assim o é ler um livro de 1935 no original.

empreendedorismo

O empreendedor que transformou um show falido em um sucesso internacional: David Hasselhoff

Citando:

“Baywatch debuted on NBC in 1989, but was cancelled after only one season, when it placed 73rd out of 103 shows in the seasonal ratings, and also because the production studio, GTG, (a joint venture of television station owner Gannett Company, later spun off into Tegna, and Grant Tinker, which was established only to produce the newsmagazine based on Gannett’s newspaper USA Today) went out of business. Due to high production costs, GTG was unable to finance the series any further.

Feeling the series still had potential, David Hasselhoff, one of the principal actors, along with creators and executive producers Michael Berk, Douglas Schwartz, and Gregory J. Bonann, revived it for the first-run syndication market in 1991. Hasselhoff was given the title of executive producer for his work on bringing the show back. The series was hugely successful, especially internationally”.

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Space Battleship Yamato: a tecnologia (algo conturbada) de produção de uma obra-prima

No artigo anterior falei um pouco sobre como a história da primeira temporada de Space Battleship Yamato pode ser usada como analogia em nossa batalha pela cura da pandemia do Covid-19. Hoje, por assim dizer, gostaria de falar um pouco dos bastidores da obra.

Um dos temas mais comuns entre economistas, notadamente em rodas de conversa, é o que, de fato, é uma tecnologia de produção.

Claro, em sala de aula é fácil entender o conceito. Sabemos que um produto pode ser produzido por outros produtos (chamados de insumos). Detalhando um pouco mais, o produto ainda pode ser um bem ou serviço e, claro, pode ser que se produza um ou mais produtos com um ou mais insumos. E a conversa nem começou…

Fascinante, para mim, é a questão que envolve o dia-a-dia de algumas tecnologias de produção. Produzir um saco de pipocas, um automóvel ou um filme podem ser, abstratamente a mesma coisa mas os detalhes de casos específicos podem ser fascinantes.

Um ponto interessante da produção diz respeito ao trabalho em equipe. Teoricamente, o trabalho em equipe nos traz questões muito interessantes sobre a tecnologia de produção. Como garantir que todos desempenhem suas tarefas? Como evitar que o caroneiro (comportamento free-rider) destrua valor? Até que ponto de detalhamento se deve ir ao definir as tarefas individuais? Há muitas perguntas como estas que, inclusive, já renderam prêmios Nobel a alguns economistas.

Há alguns casos interessantes em que dois grandes talentos se complementam e produzem obras de sucesso. Tome-se por exemplo o caso de Stan Lee e Jack Kirby no mundo dos quadrinhos. Mesmo após seu afastamento, ambos continuaram produzindo e criando sucessos por anos. Mas há também os casos em que a separação de grandes talentos parece mostrar que, separadamente, não funcionam tão bem. Para mim, este é o caso de Reiji (Leiji) Matsumoto e Yoshinobu Nishizaki.

Juntos, nos anos 70, Matsumoto e Nishizaki fizeram sucesso com as produções da franquia Space Battleship Yamato. Contudo, quando Nishizaki resolveu produzir seu Yamato 2520 sem a participação de Matsumoto, a proposta não funcionou. É verdade que Nishizaki já não se encontrava tão bem financeiramente na época, mas a decisão de ignorar Matsumoto parece ter selado a separação definitiva de ambos que passariam um bom tempo disputando na justiça pelos direitos autorais da obra (os detalhes da batalha judicial mostram o quão complexo é atribuir direitos neste caso, já que a produção de quadrinhos, por exemplo, em torno do famoso navio não se limitava aos dois).

A briga pelos direitos de propriedade durou muitos anos (aproximadamente de 1994 a 2003). Durante o período, Nishizaki foi parar na prisão por posse de drogas e mesmo de armas ilegalmente adquiridas e Matsumoto seguiu produzindo seus desenhos. A despeito dos fãs – e eu até acho que sou um deles – Matsumoto produz diferentes desenhos ou sagas com temas que parecem se repetir.

Veja por exemplo o Submarine Super 99 e o quanto esta história se parece com a da série do Yamato. Ou a (proposital?) falta de sequência em todos os seus desenhos da saga do Capitão Harlock, Ginga Tetsudou 999 e Queen Emeraldas (e o recorrente tema da transformação dos seres humanos em máquinas).

Alguns dos envolvidos nos anos dourados do anime Yamato, vez por outra, comentam sobre as características de Nishizaki e Matsumoto. Destes testemunhos pode-se inferir que Nishizaki tinha algum talento como líder (não à toa sempre tentou trabalhar com a gerência ou produção) e Matsumoto sempre teve como característica o dom de trabalhar com o desenho (design) de máquinas o que pode ser constatado em todos os seus mangás ou animes.

Jack Kirby e Stan Lee funcionaram bem juntos ou separados. Matsumoto e Nishizaki só parecem ter tido sucesso em conjunto. Separadamente, nem o Dai Yamato Zero Go de Matsumoto teve sucesso, ainda nos anos da batalha judicial (uma oportunidade perdida de retomar a franquia em seus próprios termos criativos), nem Nishizaki teve tempo para prosseguir com a franquia, a despeito do mediano Space Battleship Yamato: Ressurrection, cujo lançamento em Blu-Ray ainda contou com duas versões: a original e o director’s cut que prometia um continuação. Contudo, Nishizaki morreu sem poder concluir a segunda parte deixando um vácuo imperdoável na franquia.

Nishizaki ainda nos legou, em 2010, o live action da série – uma produção muito cara para os padrões da época, com efeitos especiais surpreendemente bons para os padrões japoneses e seu filho adotivo, Shouji (alternativamente grafado como Shoji) Nishizaki (*) tem tido algum sucesso com a modernização da franquia nos anos recentes (e a pandemia adiou a nova série, prevista para 2020…), mas nada que se compare ao sucesso da obra conjunta de Nishizaki e Matsumoto nos anos dourados dos anime

Talvez alguém, no futuro, consiga nos contar mais sobre a conturbada tecnologia de produção da série original do Yamato do ponto de vista microeconômico. Quem sabe se este texto não serve de inspiração?

(*) Creio que Shouji Nishizaki é um destes filhos que são adotados para continuar os negócios familiares, hábito comum no Japão.

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“Space Battleship Yamato” e o Covid-19: epopéias humanas

A pandemia se fez presente nos primeiros meses de 2020 e, como não poderia deixar de ser, a humanidade se viu numa luta contra o tempo para obter a vacina (com progressos notáveis no curto prazo).

A história pode ser recente, mas o enredo, remete a um clássico da animação japonesa, o Space Battleship Yamato (que, por alguma influência politicamente correta, alguém traduziu, incorretamente, como Space Cosmoship Yamato) dos anos 70 produzida por Yoshinobu Nishizaki.

A série foi ao ar no Japão no meio dos anos70 e, na lógica insanamente competitiva do mercado japonês (pelo menos da época), foi seguida de quadrinizações, a mais famosa dela do exótico Reiji Matsumoto (às vezes citado como Leiji Matsumoto).

O leitor encontrará farto material na internet sobre o desenho que chegou ao Brasil, no início da extinta TV Manchete diretamente da versão – cheia de pequenos cortes – norte-americana. Lá, seu nome era Starblazers e aqui ficou conhecido como Patrulha Estelar.

A despeito dos anos 70 não serem tão próximos do final da 2a Guerra Mundial, os americanos transformaram o encouraçado espacial Yamato em um pouco inspirador encouraçado espacial Argo. Nada que os fãs nikkeis não pudessem ignorar alegremente pela oportunidade de poderem assistir um anime tão interessante.

A nossa precária integração aos mercados globais (nada de fluxos imigratórios imensos ou mesmo uma abertura comercial decente) nos trouxe, apenas recentemente, a quadrinização de Matsumoto

Em outra oportunidade quero falar mais sobre os aspectos, digamos, econômicos desta obra (há muito insight legal para uma aula de Microeconomia). Hoje, quero apenas destacar a semelhança do anime com a epopéia humana contra o Covid-19. Vamos lá.

A concepção da série é sempre a mesma: a Terra sofre uma ameaça externa e deve respondê-la com um prazo de 365 dias. Na primeira – que não foi transmitida no Brasil (e deve ser assistida se você quiser apreciar melhor o que viu quando criança) – os gamilianos querem adaptar a Terra à sua atmosfera radioativa para colonizá-la, já que seu planeta está morrendo.

Logo nos primeiros episódios, há uma batalha em Plutão na qual a frota terrestre é massacrada mas, inesperadamente, uma outra alienígena envia uma cápsula com instruções que permitem aos seres humanos um salto tecnológico: construir uma espaçonave que poderia lhes trasnportar muito mais rapidamente para o planeta Iscandar no qual poderiam obter um aparelho que limparia a atmosfera da radiação.

O governo da Terra providencia, então, a (re?)construção do navio de guerra japonês Yamato (o maior encouraçado já produzido, ironicamente, numa época em que a tecnologia dos porta-aviões se tornava mais e mais relevante para o combate naval) como uma espaçonave. Recruta-se uma tripulação que deve chegar até o planeta Iscandar e trazer o tal aparato em 365 dias. Um legítimo exemplo de epopéia na forma de uma corrida contra o tempo.

A parte mais importante do desenho, portanto, envolve uma tripulação limitada (ela não se reproduz…só vai diminuindo com as batalhas) que luta contra o tempo e contra um inimigo que mais poderoso com sua tecnologia recém-adquirida. Como não pensar em nossa luta contra o Covid-19? Impossível, não?

Aqueles que compraram o DVD da Voyager Entertainment lá no final dos anos 90 puderam ver o final alternativo – e interessante – da primeira temporada. Aqui vai um spoiler, ok? É claro que, no fim, eles conseguem obter o aparelho eliminador de radioatividade e voltar à Terra. Mas o final alternativo é muito mais interessante. Nele, ao chegarem à Iscandar, é-lhes revelado que o aparelho podia ser construído com os componentes do próprio Yamato.

Por que então, toda a viagem, lutas e mortes? A ideia é que não seriam merecedores desta descoberta se não se esforçassem para chegar a Iscandar. Ok, ficou tudo mais difícil para a humanidade, mas há algo de mais nobre neste final alternativo no estilo “lição de moral da vovó”. Suspeito que a escolha entre finais deva ter alguma relação entre os conflitos da equipe criativa, notadamente entre Yoshinobu Nishizaki (o produtor) e Reiji Matsumoto (o carismático e difícil mangaká).

As segunda e terceira temporadas replicam o tema – com mais ou menos drama – e, salvo engano, também têm esta missão de 365 dias. Obviamente que os dramas humanos não são tão explorados no desenho – embora você possa encontrar vários momentos singelos em diversos momentos dos episódios.

É legal perceber um ponto na diferença de visão entre membros da equipe criadora. Pelo que já vi dos trabalhos de Matsumoto (notadamente na primeira temporada de Captain Harlock), ele prefere uma abordagem bem menos rígida do ambiente de trabalho dentro da espaçonave. Para ele, cada um faz o que quer dentro da nave pirata Arcadia mas, quando há uma missão, todos se unem de maneira ímpar com uma lealdade absoluta. Já nas produções de Nishizaki (Blue Noah, por exemplo), o trabalho em equipe é mais convencional e o foco é no sacrifício e trabalho sob pressão constante, sem muito espaço para dramas individuais.

Talvez a história sobre o desenvolvimento das vacina também nos revele algo similar. A conferir.

Créditos das imagens: o ótimo Ourstarblazers.com e Wikipedia.

cinema

O modelo de negócios que funcionou até que…

A Cannon de Golan e Globus funcionou bem enquanto fez o que se propôs: filmes de baixo orçamento em pré-venda. Quando tentaram fazer algo mais grandioso, a queda foi estrondosa.

Há dois documentários (no YouTube) sobre a produtora lendária. Um, dos próprios (The Go-Go Boys: The Inside Story of Cannon Films), e outro, mais imparcial, é o Electric Boogaloo: The Wild Untold Story of Cannon Films.