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“Software” livre, o discurso bolivariano da esquerda brasileira e nós

Por coincidência dois bons blogs comentaram sobre este tema que, sim, eu já critiquei um bocado aqui. Laurini, estou com você. Aliás, diz o nosso grande econometrista:

Sábado, Dezembro 29, 2007

DRM e Linux

O DRM é demoníaco”, diz o especialista em software livre Jon “Maddog” Hall Desde muito tempo atrás eu me interesso pela chamada “economia do software” livre (e mais ainda por software livre). Ao contrário de muita gente eu sempre acreditei que software livre e proprietário poderiam subsistir, com modelos de negócio e objetivos diferentes. Um bom exemplo disso é a recente colaboração entre a Insightfull, que comercializa o S-Plus, e os produtores do software R. O R se tornou o software padrão em pesquisa estatística, por dois motivos principais – é livre, sólido e permite reproduzir os resultados de outros pesquisadores. Estes 3 fatos são fundamentais em pesquisa científica, e o terceiro é o mais importante de todos.
Mas o ponto que me interessa nesse artigo é o seguinte comentário “Contudo, é preciso criar um “ecossistema de software”. Aqui no Brasil houve um grande interesse governamental, em especial em governos ligados ao PT, pelo uso de software livre. O grande motivo dessa atração era uma mistura de uma visão de “socialismo” e ódio as empresas de software, e uma certa propaganda de redução de custos. Embora a redução de custos de operação seja significativa em grande parte dos casos, essa visão deturpada do software livre é extremamente perigosa, em primeiro lugar porque é falsa. A visão de que os programadores de software livre são “socialistas” e doam seu trabalho para a sociedade por nobres ideais é em geral falsa. As duas principais motivações dos programadores de software livre são a possibilidade de interação com melhores códigos e programadores, e em especial interesses de carreira. Uma análise destas motivações está no artigo “The Simple Economics of Open Source”, Josh Lerner e Jean Tirole, Journal of Industrial Economics. A maioria dos programadores que eu conheço é radicalmente pró-capitalista. E outro ponto contra esta visão é que o desenvolvimento de software livre é em muitos casos bancado por grandes empresas como a IBM ou a Sun.
O que me irritava nesta propaganda da adoção de software livre no brasil era o extremo oportunismo – basicamente se usava o software livre para tarefas simples como produtos de escritório, e a grande vantagem que era a possibilidade de melhor desenvolvimento técnico era simplesmente ignorada. As salas de software livre no brasil são basicamente pontos de acesso a internet, e não representam nenhuma possibilidade de desenvolvimento de software livre ou subsídio a produção de capital humano.
Era o velho oportunismo do PT em ação apenas.
O que eu gostaria de ver era ver parte do dinheiro economizado em software proprietário usado para a formação de capital humano, e quem faz isso não é o governo diretamente, e sim as grandes empresas que investem em laboratórios em associação com as universidades, como o novo laboratório bancado pela IBM na Unicamp.

posted by Márcio Laurini at 2:23 AM

O outro comentário é do Organization and Markets, e está aqui. Como se vê, há muito mais entre o céu e a terra do que supõem nossos estúpidos políticos e pseudo-cientistas (todos, todos preocupados apenas em fazer sua cabecinha…). Em um país no qual a moçada cai em golpes bobos, fica difícil explicar que “1+1 = 2” o tempo todo. Mas não é um problema do Brasil apenas. Pense nas palavras pichadas nesta universidade pelos narco-terroristas da FARC (membros do tal Fóro de São Paulo, dentre outros) .

Deixando de lado este nojo ideológico (em termos intelectuais, sociais ou humanitários) que é o discurso bolivariano, a economia da tecnologia segue como um dos temas mais interessantes da economia, como demonstrado pela própria carreira do grande Hal Varian (veja seu livro sobre economia da informação aqui).