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O VI Congresso da AMDE – últimos comentários

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Professor Cristiano reflete sobre cervos e iluministas franceses.

A Academia é um local fascinante porque é como a vida da gente. Assim, a ‘fascinação’ é uma mistura nem sempre trivial de frustração, alegria, vaidade(s) e esforço. Os Congressos da AMDE são uma oportunidade única de se vivenciar a melhor parte disto tudo. Por que?

Porque tem Economia e Direito interagindo. Isto significa que há temos desconhecidos para ambos e isto ajuda a quebrar vaidades. Alguns não suportam isto, fogem e não voltam. Ainda bem. Outros gostam, curtem e se superam. Ainda bem também.

Obviamente, como lembrou a Luciana Yeung na palestra do final da manhã de ontem, há tensões como as de economistas que não gostam de análises quantitativas que não envolvam a mais sofisticada econometria. Há que se debater, claro, o que seria a mais sofisticada dita cuja, mas há análises em que não é possível, por limitações dos dados, aplicar-se o último estimador inventado.

O contato com o Direito, inclusive, traz esta premência da realidade: não podemos esperar para sempre e, portanto, pesquisa aplicada é sempre incompleta porque sempre em um momento desta escalada rumo à menor imperfeição possível. É a vida e, como eu disse, a vida é um interessante amálgama – segundo alguns, uma orgia com Códigos de Hamurabi fálicos e big data abundantes, mas voltemos ao tema – que sempre vejo vivo em congressos acadêmicos.

Ronald Hillbrecht me lembra de alguém, acho que o falecido Coase, que dizia que o mais interessante da Ciência Econômica tem sido desenvolvido fora dos departamentos de Economia. Eu discordo parcialmente, mas vejo muitas evidências disto quando vejo os trabalhos apresentados nos grupos de trabalho destes congressos. Tem muita coisa preliminar – e me incomoda a demora com que o preliminar ainda é preliminar – mas o importante é que o bom vírus do progresso científico contaminou alguns profissionais do Direito e alguns economistas.

O Congresso, desta vez, não foi abraçado por muita gente. A divulgação foi precária? Não sei. Mas a tal juventude, que tanto dizem ser interessada em interdisciplinaridade ou em pesquisas não compareceu. Tal como o “gigante que despertou em 2013 e sumiu em 2014”, muita gente não apareceu para se divertir. Nem todos são interessados no tema, claro e nem tudo que há em Congressos assim é do interesse. Mas, como já disse em outras ocasiões, só melhoramos a qualidade do ensino – e do aprendizado – quando nos deparamos humildemente com o que nos é, até então, desconhecido.

Em alguma palestra, acho que a do Ivo, ele perguntou quantos faziam Economia. Levantei o braço. Depois ele perguntou quantos estavam perdidos. Levantei de novo. Claro, ele exclamou: “- Você é um economista e está perdido”. Pouca gente entendeu exatamente a piada. Ou melhor, muita gente entendeu a parte superficial da piada mas eu e ele e mais alguns entendemos o significado sutil da minha auto-ironia: estou sempre perdido porque sempre estudando e tentando aprender. Não é assim que estamos todos?

Até o ano que vem.

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Alunos se perguntam sobre o que estavam fazendo ali, de barriga vazia.
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Ainda o VI Congresso da AMDE

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Taí um profissional que merece ser citado pelos comentários dos meus alunos e também pelos alunos do Direito que estiveram presentes em sua palestra. O prof. Ivo Gico tem sido uma presença constante na ABDE e na AMDE. Foi editor da revista da ABDE por um bom tempo também e, devo dizer, tem feito um notável trabalho de intermediação entre o vocabulário impenetrável do Direito (um dia alguém fará um estudo sobre barreiras à entrada e o “direitês”…) e o maravilhoso (ahá!) vocabulário econômico.

Ontem, inclusive, mostrou a força da evidência empírica ao responder um pergunta, convidando o questionador a lhe mostrar exemplos (a força da tecnologia veio com o prof. Satiro, e sua conexão wireless, logo encontrando-os em poucos minutos). Didaticamente, mostrou onde estava o erro da pergunta e todos aprendemos um pouco mais sobre contratos.

Faltava mencioná-lo aqui. Logo mais, comentários finais sobre o VI Congresso.

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VI Congresso da AMDE – comentários

Vou aproveitar três fotos para falar rapidamente do Congresso. Primeiramente, este, da professora Luciana Yeung.

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Como falei, ao final da apresentação, um belo trabalho dela com o professor Luciano Timm (IDERS) com extrema relevância para qualquer debate sobre a infra-estrutura e o desenvolvimento econômico brasileiro. O pessoal de Economia não entende, geralmente, muito bem a importância da medida dos custos de transação, mas nós, com algum tempo de leitura na área, sabemos muito bem o quanto este artigo ajuda no debate e, veja bem, não é pouco.

Obviamente, não tem calibragem ou microfundamentos, mas o problema em questão nem o comporta (ainda?). Fato é que sem números, ficamos no vazio do discurso que, muitas vezes, lembra o de políticos que, aliás, acusamos de serem ineficazes na busca de solução de problemas reais porque…não nos trazem qualquer estimativa dos custos. Ou seja, voltamos ao ponto inicial.

Ao próximo.20140827_094813

O professor Antônio Porto, a cada encontro da AMDE ou da ABDE, não cansa de trazer dados ou temas novos. Incrível mesmo é como o pessoal do Direito – agora minha metralhadora vai para o outro lado – continua a torcer o nariz para métodos quantitativos. Porto trouxe tabelas geradas pelo Stata (infelizmente, ele não usa o R… ^_^) com resultados preliminares de um estudo interessante sobre inadimplência.

Não sou tão otimista quanto ao uso da economia comportamental para analisar os dados, mas, novamente, ele tem a amostra e está estudando os dados buscando tirar evidências iniciais sobre um problema relevante para a Economia e, obviamente, para o Direito. Não é hora do pessoal de Direito parar com o preconceito e investir na formação quantitativa? Acho que é.

Ao próximo.

20140826_112245O professor Ronald aí em cima dispensa comentários. Em uma apresentação claramente inspirada no livro (que eu, com remorso parcial, comprei e não li ainda) do Tim Besley (um antigo nome para quem conhece um pouco de Economia do Setor Público ou de temas ligados à área) com outro autor, ele trouxe de volta o maravilhoso insight  de Barry Weingast naquele texto clássico sobre a Revolução Gloriosa e a capacidade de endividamento do Estado britânico. Qual é o insight? Simples. Sociedades com instituições fortes se financiam melhor (e, diria eu, de forma mais sustentável).

A discussão das instituições, obviamente, é muito importante e os leitores mais antigos deste blog sabem o quanto o tema (re)aparece aqui. Não são poucas as vezes, né?

Tivemos mais palestras, mas eu queria usar estas três para ilustrar um ponto simples: há muita coisa interessante e importante sendo pesquisada no país, a despeito de recursos escassos, greves, politicagens, vaidades, etc. Estas pesquisas, muitas vezes, resultam em trabalhos que são rapidamente usados para rever políticas públicas ou para debater novas formas de melhorar a economia de uma sociedade.

A AMDE – e suas entidades irmãs como o IDERS, ADEPAR, ABDE, etc – têm feito um trabalho muito interessante ajudando a divulgar trabalhos desta área. Ao longo dos anos tem-se apresentado estudos que tentam avançar a abordagem de law and economics no Brasil. Nada mais saudável.

Foram dois dias interessantes, mas cansativos. Espero que todos tenham gostado do evento.

 

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VI Congresso da AMDE

Não se inscreveu ainda? Aqui está o link.

Alguns palestrantres já confirmados!

Palestra: Teoria da Decisão Tributária
Prof. Dr. Cristiano Rosa de Carvalho
Possui graduação em Ciências Jurídicas e Sociais pela UNISINOS, mestrado e doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), pós- doutorado (Visiting Scholar and Post-Doctoral Program) pela Boalt Hall School of Law (Law and Economics Program), University of California, Berkeley (Estados Unidos) e Livre Docência em Direito Tributário pela Universidade de São Paulo. É professor do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET), da UNISINOS, professor-conferencista na pós-graduação lato sensu da PUC-SP professor no curso de pós-graduação em Direito e Economia da UFRGS. Professor convidado na Northwestern University (Searle Center on Law, Regulation, and Economic Growth), Chicago (Estados Unidos). Presidente do Instituto de Direito e Economia do Rio Grande do Sul (IDERS).

Palestra: A legalização da inovação e do empreendedorismo: Direito, Economia e Políticas Públicas
Prof. Dr. Ronald Otto Hillbrecht
Possui graduação em Economia pela Universidade da Região de Joinville (1984), mestrado em Economia pela Universidade de São Paulo (1990) e doutorado em Teoria Econômica pela University of Illinois at Urbana Champaign (1995). Professor associado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Com formação em economia monetária e economia institucional, tem atuado nos seguintes temas: direitos de propriedade e regulação de mercados, políticas de desenvolvimento econômico e políticas macroeconômicas para economias abertas.

Palestra: A análise econômica do D&O Insurance (seguro dos administradores das sociedades empresárias)
Prof. Ms. Maurício Andere Von Bruck Lacerda
Mestre em ciências jurídico-empresariais pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa – Portugal (2011). Especialista em Direito dos Contratos pela COGEAE-PUC/SP (2006). Graduado em Direito pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (2003). Professor de direito civil e empresarial em cursos de graduação e de pós-graduação. Advogado. Autor de obra e artigos jurídicos publicados no Brasil e no exterior.

Palestra: Superendividamento no Brasil: uma análise econômica e empírica
Prof. Dr. Antônio José Maristrello Porto
Possui graduação em Direito pela Fundação de Ensino Octávio Bastos (1997), mestrado (Master of Laws – LL.M.) pela University of Illinois (2005), doutorado em direito (Doctor of the Science of Law – J.S.D.) pela University of Illinois (2009). Atualmente, é professor pesquisador da Fundação Getúlio Vargas Direito-Rio e coordenador do Centro de Pesquisa em Direito e Economia da Fundação Getúlio Vargas Direito-Rio. É representante do do CPDE/FGV Direito Rio no Conselho de Análises Econômicas e Sociais do Estado do Rio de Janeiro.

Palestra: Teoria dos Jogos e Contratos
Prof. Dr. Ivo Gico Jr.
Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo (2006), Doutor em Economia pela Universidade de Brasília (2012), mestre com honra máxima pela Columbia Law School, Nova York (2001) e graduado em Direito pela Universidade de Brasília (1999). Atualmente é Professor de Regulação, Concorrência, Análise Econômica do Direito e Direito & Desenvolvimento no UniCeuB, além de ser membro-fundador e presidente da Associação Brasileira de Direito & Economia.

Palestra: Crise das empresas 10 anos depois: uma abordagem critica da Lei 11.101/05
Prof. Dr. Francisco Satiro de Souza Junior
Possui graduação em Direito pela Universidade de São Paulo (1993) e doutorado em Direito Comercial pela Universidade de São Paulo (2002). Atualmente é professor doutor da Faculdade de Direito da USP (Largo São Francisco), onde leciona em nível de graduação e pós graduação, e da DIREITO-GV (EDESP), coordenador de cursos de pós graduação “latu sensu” do Gvlaw, membro do conselho editorial da Revista de Direito Mercantil Industrial, Econômico e Financeiro (0102-8049). Entre 2009 e 2010, foi professor de “Capital Markets Regulation” no “Centre for Transnational Legal Studies” (CTLS) em Londres, coordenado pela Universidade de Georgetown (EUA) e ligado ao King’s College da Universidade de Londres. Membro titular do Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional desde 2011.

Palestra: Estabilização não garante crescimento econômico: o que o país tem feito nos últimos 20 anos? Uma análise à luz do Projeto de Lei 487 do Senado Federal
Profa. Dra. Luciana Yeung Luk Tai
Professora e Coordenadora das Faculdades do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. Doutora em Economia pela Escola de Economia de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV). Possui graduação em Economia pela Universidade de São Paulo (1996), mestrado em Economia Aplicada – University of Wisconsin – Madison (2002) e em Relações Industriais – University of Wisconsin – Madison (2001). Foi Pesquisadora Visitante na Escola de Direito (Boalt Hall) da Universidade da Califórnia, Berkeley (EUA). Suas áreas de pesquisa e especialização são: Análise Econômica do Direito (Law and Economics), Nova Economia Institucional, Microeconomia Aplicada e Relações Trabalhistas.

Novamente, eis o link para se inscrever.